Nossa viagem para a cidade Siem Riep começou em via terrestre pela empresa rodoviária Mekong Express, do Camboja. Apesar de mais demorado e cansativo, optamos por ir de ônibus em razão de os voos dessa rota serem bem mais caros.
Saímos de Ho Chi Minh pela manhã. O ônibus era antigo, não possuía sanitário, porém era bem confortável (espaçoso). Durante o trajeto de 12 horas até Siem Riep foi servido lanche e água. Mas gostaria de chamar a atenção para a temperatura congelante dentro do ônibus. Sem exageros, não importa o quão quente está a temperatura externa, a temperatura do ar condicionado dentro dos ônibus no sudeste asiático é, em geral, a mínima possível. Então fica a dica e separe a roupa mais quente que tiver na mala para o tempo que permanecer dentro do ônibus.
Outros destaques para este ônibus em questão foram a trilha sonora (música) tipicamente local durante a viagem e a decoração excêntrica cheia de adornos nas poltronas, cortinas chamativas nas janelas e até um lustre no teto do ônibus. Impossível passar despercebido.
Uma observação: em muitos lugares na Asia não aceitam cartão de credito/débito. Então é necessário sempre ter um pouco de dinheiro (moeda local) em espécie. Durante o trajeto Ho Chi Min – Siem Riep não conseguimos comprar comida na primeira parada, pois só tínhamos cartão e dólares. Já dentro do Camboja (depois de atravessar a fronteira) foi fácil, pois o dólar é muito aceito. Porém atente-se ao fato de que o troco será em moeda local. Assim, ainda que você pague uma conta em restaurante com dólares, os centavos do troco virão na moeda (no caso notas, muitas notas) do Camboja. Uma dica é administrar o uso da dinheiro em espécie que estiver usando para evitar sair do país com muita moeda local que provavelmente não serão aceitas em outro lugar. No Camboja a moeda é bem desvalorizada, poucos centavos de troco rendem muitas notas (cédulas) e a conversão acaba sendo um pouco confusa.
É importante mencionar que o Camboja exige visto para entrada no país, mas o trâmite para obtê-lo é tranquilo. O visto custa 30 dólares e pode ser emitido com antecedência pela internet para ser efetivado ao chegar no aeroporto ou para quem optar pela via terrestre, pode ser feito na fronteira.
Na fronteira o guia do ônibus perguntou um a um quem precisava do visto. Recolheu os passaportes de quem precisava junto com os 35 doláres (30 dolares do visto+5 dólares de “taxa de serviço”). Todos os passageiros ficaram aguardando um bom tempo na fronteira e então (depois de muito tempo) o guia retornou com nossos passaportes já carimbados.
Seguimos em direção para Phnom Penh, capital do Camboja, para trocar de ônibus e continuar a viagem rumo a Siem Riep.
Depois de 12 horas de viagem chegamos em Siem Riep. Um funcionário do hotel nos aguardava para nos levar até o hotel de Tuk-Tuk.
Camboja é um país localizado na porção sul da península da Indochina, no Sudeste Asiático, entre Tailândia, Vietnã e Laos.
Até 1431, o Camboja pertenceu ao Império Khmer, sendo Angkor a capital. Mais tarde, com a invasão tailandesa, se tornou parte do Reino Sião. Entre 1863 a 1945, se tornou Colônia Francesa. Em 1975 as forças do Khmer Vermelho assumiram o país sob a liderança de Pol Pot, sendo esse um período marcado por muita violência. Centenas de milhares de pessoas foram mortas, mutiladas e torturadas por motivos banais. A matança foi interrompida somente em 1979, quando o país foi invadido pelo Vietnã. Após diversos conflitos, a monarquia constitucional foi restaurada em 1993, sendo Norodom Sihamoni, o rei, e Hun Sen o primeiro-ministro.
Com 15 milhões de habitantes, 95% budista, o idioma oficial do Camboja é o khmer e a moeda o Riel.
O Camboja vem recebendo muitos turistas, dentre eles muitos brasileiros atraídos pelos preços baixos e pela rica cultura do país. Hoje, grande parte da economia do país provém direta e indiretamente do turismo, sendo Siem Riep o maior destino turístico no país, seguido de Phnom Penh (capital) e outros destinos.
Siem Riep é a porta de entrada para o grande complexo de templos de Angkor.
Chegamos em Siem Riep já à noite, fizemos check in rapidamente e fomos andar um pouco pela cidade.
Seguimos em direção à Pub Street, a rua mais agitada com diversos bares, boates e barracas, ao se aproximar dessa movimentada parte da cidade, não se espante com a quantidade de tuk-tuk e a incansável insistência dos motoristas em te oferecer o serviço de transporte em um destes, você ouvirá muitas vezes a seguinte frase: – tuk-tuk sir?
Há restaurantes para todos os gostos, mas onde quer que você entre perceberá a presença marcante de pimenta do reino nas refeições.
Os preços do Camboja são bastante atraentes e isto se percebe no valor da cerveja: 0,50 centavos de dólar. Ao lado da Pub Street há diversos mercados noturnos onde é possível barganhar bastante.
Como programado, o segundo dia foi inteiramente dedicado à visita ao incrível complexo de Templos de Angkor.
Angkor é um parque arqueológico com centenas de templos em uma área de 400 km². Simbolo do Camboja, foi construído a pedido do rei Suryavarman no século IX e foi declarado em 1992 Patrimônio da Humanidade pela Unesco. É a maior construção religiosa do mundo, com centenas de templos, dentre eles o famoso Templo de Angkor Wat e, em Angkor Thom, o Templo de Bayon, com suas inúmeras decorações esculturais.
O complexo foi construído em homenagem ao deus Vishnu, da religião hinduísta, que durante 400 anos foi a religião do império Khmer. O rei Ayavarman VII ao assumir o poder instituiu o budismo como religião oficial do império. A arquitetura e o layout das sucessivas capitais testemunham um alto nível de ordem social e classificação dentro do Império Khmer. Angkor é, portanto, um importante local que exemplifica valores culturais, religiosos e simbólicos, além de conter elevado significado arquitetônico, arqueológico e artístico.
Siem Riep é a cidade base para visitar o complexo que se localiza a aproximadamente 8 km do centro. Para chegar até lá a maneira mais comum é ir de Tuk Tuk, mas há quem prefira ir de bicicleta ou em grupo com minivans e guia contratado. Nós resolvemos ir de Tuk-Tuk e na noite anterior ao passeio reservamos o veículo diretamente no hotel que estávamos hospedados.
Os ingressos para entrada no complexo podem ser comprados para 1, 3 e 7 dias e os valores são os seguintes:
– 1 dia: US$ 37 – válido apenas para o dia da compra;
– 3 dias: US$ 62 – válido por 10 dias e a visita não precisa ser feita em dias consecutivos;
– 7 dias: US$ 72 – válido por 1 mês e a visitam também não precisa ser feita em dias consecutivos.
Se for em alta temporada, provavelmente enfrentará uma filinha na bilheteria, porém nada desorganizado, pelo contrário, o ingresso é individual e impresso na hora com foto, também tirada na hora, tipo passaporte mesmo. E na entrado do complexo eles realmente fazem aquele “cara-crachá” para verificar se é você mesmo.
Como citamos anteriormente o complexo é gigantesco e por isso alguns visitantes preferem fazer uma visita mais detalhada de mais de um dia. A maioria adquire o ingresso para 3 dias, que é mais do que suficiente. Nós decidimos fazer o passeio de um dia e achamos que foi de bom tamanho, visto que saímos bem cedo passamos o dia todo no complexo (contaremos sobre os templos visitados logo abaixo).
Não contratamos um guia para nos acompanhar pela visita aos templos e acreditamos que talvez não tenha sido uma boa economia. Pudemos acompanhar outros turistas com guias, sim, pescamos a explicação do guia alheio rsrs, e achamos que ter um bom guia explicando sobre as ruínas é sim muito válido. Portanto fica a dica e contrate um guia, com boa indicação, previamente. Na porta do complexo existem inúmeros pessoas que oferecem o serviço de guia, porém a chance de erro se contratar em lugares em que possa ter recomendação é bem menor. Na associação do Ministério do Turismo você pode obter informações a respeito de guias especializados, que oferecem o serviço a partir de US$ 20.
A visita ao sítio Arqueológico pode iniciar pelo Angkor Wat, o templo mais famoso, ou terminar por ele. Muitos viajantes iniciam o tour por este templo e antes de o sol nascer chegam até lá para a alvorada. Esse é um roteiro pouco recomendado para quem odeia multidões pois a maior parte dos turistas chega este horário para pegar o momento. Para quem prefere um momento mais tranquilo a melhor opção é finalizar o roteiro em Angkor Wat.
Nós iniciamos o passeio pelo Angkor Wat e logo na entrada já ficamos impressionados com a imponência da construção.
Angkor Wat, o maior monumento entre os templos de Angkor e o mais bem preservado, é uma obra de arte arquitetônica.
Dedicado à Vishnu (um dos principais deuses do hinduísmo), Angkor Wat foi construído pelo rei Suryavarman II na primeira metade do século XII (113-5 aC). Estima-se que foram gastos pelo menos 30 anos para a construção do templo e acredita-se que este foi erguido para ser um templo funerário para Suryavarman II.
Ao atravessar o West Gate (única porta de entrada para Agkor Wat), a beleza da obra com suas imponentes torres trazem mistério e ao aproximar, o que a primeira vista parece um amontoado de pedras, aos poucos, revela perfeição em composição, equilíbrio e esculturas escondidos.
Angkor Wat é o monumento Khmer mais exposto em fotos de divulgação, mas nada se compara à experiência real de estar no templo.
Após explorar, com calma, o Angkor Wat, seguimos para a antiga cidade Khmer de Angkor Thom.
Angkor Thom que significa “Grande cidade”, não é tão famosa quanto seu vizinho, mas é tão importante quanto. Engana-se quem pensa que Angkor Thom é só mais um templo. Como o nome sugere, Angkor Thom é na verdade uma grande cidade cercada por uma muralha de 8 metros de altura e 12 km de comprimento com diversos templos e cinco portões.
Fundada pelo rei Jayavarman VII, uma das figuras mais importantes do Império Khmer. Ele era budista e, durante o tempo de seu reinado, incentivou uma conversão maciça do povo Khmer, do hinduísmo ao budismo.
Entramos no Angkor Thom pelo South Gate (Portão Sul) e seguimos em direção ao Bayon, principal templo da Grande Cidade.
De longe um amontoado de escombros, de perto 54 torres, 216 rostos sorridentes de Avalokiteshvara (um dos quatro chefes bodhisattvas do Budismo Mahayana, em português significa ‘Aquele que olha para baixo ou para o mundo”), te encarando por todos os ângulos, é apenas resumo do que encontrará no fantástico templo Bayon.
Localizado no coração de Angkor Thom, o templo tem 45m de altura e três níveis – provavelmente proveniente de três fases distintas de construção – ligados por escadas. Os dois primeiros níveis são quadrados em baixos-relevos, através deles pode-se chegar ao terceiro nível que possui uma torre circular central circular. Em um arranjo complexo, Bayon tem um labirinto de galerias, passagens e degraus conectados de uma forma que torna os níveis praticamente indistinguíveis e cria iluminação fraca, passagens estreitas e tetos baixos. À medida que você anda, as faces te acompanham a todo momento.
Em um primeiro momento Bayon e Angkor Wat podem até parecer semelhantes, mas basta um olhar mais crítico para perceber facilmente que há uma proposta diferente no estilo arquitetônico das duas construções.
Saímos de Angkor Thom e fomos até o Ta Keo Temple.
Construído a leste de Angkor Thom no final do século X ao início do século XI pelo rei Jayavarman V para Suryavarman, Ta Keo é uma pirâmide de cinco níveis e um dos mais altos monumentos de Angkor. Dedicado a Shiva, foi construído para representar o Monte Meru, a montanha que é o centro do mundo na mitologia hindu. O templo atinge uma altura total de 40m, do alto da pirâmide se tem uma visão imponente da área circundante.
Um aspecto incomum deste templo é que, por razões desconhecidas, foi deixado inacabado no início do século XI, antes que fosse decorado.
Apesar de inacabado o templo impressiona e rende ótimos cliques, é, sem dúvida, um ponto de parada obrigatório em Angkor.
Aproveitamos a última noite em Barcelona para jantar dois dos famosos pratos da Espanha, Tapas (aperitivos servidos nos restaurantes e bares antes das refeições) e a Paella, um arroz super cremoso com fruto do mar e açafrão, acompanhados de uma deliciosa Sangria espanhola (bebida feita a base de vinho e frutas). Por todo os lados em Barcelona os restaurantes oferecem diferentes opções de Tapas e Paellas a ótimos (e variados) preços.
Após conhecer o templo Ta Keo, seguimos para aquele que talvez tenha sido o nosso templo preferido, Ta Prohm.
Primariamente chamado de Rajavihara, Ta Prohm foi construído em estilo Bayon no final do século XII e início do século XIII e fundado pelo rei Khmer Jayavarman VII como monastério budista e universidade Mahayana. ,
Hoje, coberto pela vegetação, o famoso templo, que foi cenário do filme Lara Croft: Tomb Raider com Angelina Jolie, é um dos templos que mais impressiona por sua beleza e misticidade.
A forma como a natureza retomou seu espaço entre as ruínas do templo é fascinante. Ficamos um bom tempo observando as raízes expostas das árvores que abraçam o templo. A interação das ruínas do templo com a vegetação cria um cenário tão perfeito que dá a sensação de que o templo foi construído para abrigar a floresta e tornar esta parte do espetáculo para aqueles que li passam.
Ta Prohm está localizado a um quilômetro a leste de Angkor Thom, bem próximo ao Ta Keo Temple.
Banteay Kdey, localizado ao Sul do templo Ta Prohm, foi o último templo que visitamos.
Discreto e composto de várias câmaras e passagens complexas tem nome bem sugestivo, Banteay Kdey, que significa a Cidadela das Câmaras ou Cidadela das Celas dos Monges é um templo budista construído em meados do século XII até o início do século XIII pelo rei Jayavarman II no budismo Mahaya.
Embora esteja localizado perto de Angkor Wat e Ta Prohm, é muito menos visitado e é ótima ideia finalizar o seu dia de passeio na tranquilidade das ruínas de Banteay Kdei.
Além disso Banteay Kadei está bem próximo ao Srah Srang, um reservatório que ainda está cheio de água de 700m por 350m construído no século X.
Ao finalizar seu roteiro em Banteay Kdei temple, ao entardecer, dirija-se em direção ao Srah Srang e terá a chance de apreciar um lindo por do sol, assim como nós fizemos e nos despedimos com chave de ouro do fascinante complexo de templos de Angkor.
Pub Street, a rua mais agitada da cidade, deve ser a sua referência ao reservar a sua hospedagem em Siem Riep, todos os dias a rua fica repleta de turistas enlouquecidos pelos bares da rua. Por isso não hesite em se hospedar próximo a ela.
Nós nos hospedamos no Bay Stone Resort. O hotel possui uma boa estrutura de quartos e uma bonita piscina. Está perto de restaurantes com ótimo custo-beneficio e a 10 minutos de caminhada da Pub Street. O café da manhã é a la carte, limitado a um pedido por dia.
De antemão já digo: vale. Incluir o Camboja em nosso roteiro foi uma ótima ideia. Realizamos um dos nossos maiores desejos que era conhecer os complexos de templos de Angkor e além disso, como o país está localizado entre o Vietnã e a Tailândia – dois países que já estavam em nosso roteiro inicial – não precisamos mudar nossa rota e como chegamos e saímos de lá de ônibus, pudemos explorar um pouco do transporte terrestre do Sudeste Asiático e contar aqui para vocês.
Achamos tudo, sem exceção, fantástico, tanto pela receptividade como pela humildade do povo local.
O complexo de Angkor é com certeza parada obrigatória para quem passa pelo país. Mas, Siem Riep nos surpreendeu. Cidade simples, barata e aconchegante. E se tem alguma coisa que faríamos diferente em nossa passagem por lá, com certeza seria estender a nossa estadia e imergir um pouco mais na cultura deste incrível país.