Nem sempre incluída no roteiro de quem passa pelo Marrocos, Fez, Fes ou ainda Fès, localizada ao norte do país, é a segunda maior cidade do Marrocos e guarda algumas das riquezas culturais deste fantástico país.
Fez é a cidade em que está localizada a maior medina árabe do mundo (!!) e a universidade mais antiga do mundo (de acordo com o livro dos recordes). Além disso, como no restante do país, mantém viva boa parte de sua cultura e tradições. Ao andar pela medina é como se voltássemos no tempo em um cenário místico e muito receptivo aos turistas que passam por ali.
Chegamos em Fez já à noite após 7 horas de viagem depois de três dias de tour pelo Alto do Atlas e deserto do Saara.
Conforme combinado a equipe de turismo nos deixou próximo à Bab Bou Jeloud ou Porta Azul, a principal porta de entrada dos turistas para a medina de Fez, a Maior Medina Árabe do mundo!
Medina? O que é Medina?. Medina é um aglomerado de residências e comércio cheio de vielas que formam um labirinto, tudo isso circunscrito por um muro. As vielas da medida formam um verdadeiro labirinto sendo muito fácil se perder.
Com o passar dos anos a cidade também foi crescendo fora dos muros e por isso, hoje, a medina é chamada de cidade antiga e a cidade que fica do lado de fora dela, cidade nova.
Entramos na medina e sem muita dificuldade conseguimos encontrar nossa acomodação. Novamente um Riad, porém um pouco menor e mais simples do que nos hospedamos em Marraquexe.
Entrando pela Porta Azul, existem duas ruas principais paralelas que se encontram os principais comércios e de onde você pode se localizar para não se perder. A Talaa Kebira e a Talaa Sghira, ambas iniciam próxima à porta Azul e dão acesso a outros importantes pontos da medina de Fez como por exemplo os curtumes (tanneries, em francês) ou à mais antiga universidade do mundo, a Universidade Quaraouiyine.
Na primeira noite em Fez somente saímos para comer e retornamos para que eu pudesse me recuperar de uma forte alergia. Resolvemos repor nossas energias após os fantásticos três dias de tour até o Saara, porém cansativos.
Tomamos um delicioso café da manhã bem no estilo marroquino no segundo dia em Fez e descemos a Talaa Kebira em direção aos cortumes – Tannerie Chouara.
Fundado no século XI é o local onde é tratado o couro (couros de vaca, bode, ovelha e camelo) amplamente vendido em vários produtos como bolsas, sapatos (as famosas babouches marroquinas), malas carteiras, instrumentos musicais, etc. no Marrocos.
Em Fez para chegar até o curtume você deve descer a Talaa Kebira em direção à praça Seffarine – que a propósito é um outro ponto de parada muito bacana onde ferreiros fabricam a céu aberto panelas e outros produtos de cobre artesanalmente – da praça Seffarine siga até a rua Chouara onde ficam os mirantes para o Tannerie Chouara, lá mesmo algumas pessoas o abordarão oferecendo a “melhor vista” do curtume, nós não entramos nos primeiros que nos ofereceram e onde entramos achamos que valeu a pena a vista.
Se estiver com tempo, vale a pena entrar em mais de um, pois é bem barato (10 dihams em média) e muitos deles não cobram pela visita.
Na entrada receberá um pouco de hortelã para amenizar o cheiro forte proveniente de algumas etapas do curtume onde são utilizados vários tipos de ingredientes, dentre eles fezes de pombo.
Na entrada dos mirantes há sempre uma loja de couro e em algum momento da visita você será convidado a conhecer a loja e adquirir um produto. Talvez esse seja o porquê de muitos não cobrarem pela entrada.
Saímos do curtume e fomos andar pelos mercados da Medina. Muitos turistas contratam guias turísticos para o tour em Fez, para evitar se perder. Nós resolvemos não contratar e ainda bem que deu tudo certo, conseguimos explorar bastante a Medina de Fez e novamente conseguimos sair ilesos rsrs.
Terminamos o dia jantando no mesmo local onde jantamos na primeira noite em fez, um pequeno estabelecimento comercial chamado Pizza San Gusto bem próximo ao nosso Riad, quase na esquina da Talaa Kebira. Apesar do nome, o que nos chamou atenção e nos fez voltar lá mais algumas vezes foi o melhor Tacos que já comemos na vida por 40 dihams cada. Portanto está recomendadíssimo!
Iniciamos o terceiro dia em Fez mais uma vez explorando a Medina com muita calma e aproveitamos para ir às compras. Marrocos foi o lugar que visitamos que possuía a maior quantidade de produtos locais, produtos que, talvez, você não encontre em nenhum outro lugar do mundo e a maioria produtos artesanais. Não é à toa que os marroquinos são ótimos comerciantes.
Explorar os mercados nas medinas de Marraquexe e Fez faz parte do tour por estas cidades e é impressionante como grande parte dos comerciantes mantém vivas tradições e costumes nos produtos que fabricam.
Outro costume que se mantém vivo no Marrocos é o da negociação. Negociar faz parte da cultura marroquina, não se sinta acanhado em não aceitar o preço inicial ofertado e negocie um melhor preço em suas compras. Dependendo do que for comprar, você pode conseguir um desconto de até 50%!
Dica: se você quer comprar “coisinhas” no Marrocos e for passar por Fez e Marraquexe, achamos que Marraquexe tem mais opções e preços melhores. Deixamos de comprar alguns souvenires em Marraquexe e quando chegamos em Fez acabamos nos arrependendo.
Em meio a andanças e compras fomos conhecer a mais antiga universidade do mundo, a Universidade Al Quaraouiyine fundada em 859 d.C. por uma mulher mulçumana. No ano de 859, Fátima al-Fihri usou sua herança para financiar a construção de uma mesquita para sua comunidade com uma escola associada, conhecida como madrassa. Os anos passaram o corpo de estudantes aumentou e hoje é uma universidade frequentada tanto por homens quando mulheres.
Somente fomos até a porta, pois a entrada na universidade não é permitida para não mulçumanos.
Saímos de lá e fomos até a Madrassa Attarine que fica bem próxima à Al Quaraouiyine. A Madrassa Attarine é um centro de aprendizagem religioso construído entre os séculos XIII e XV e que chama a atenção dos turistas pela arquitetura detalhadamente elaborada repleta de arabescos e azulejos. A entrada para a Madrassa custa 10 dihams e funciona de 8 às 18 horas.
Ainda deu tempo de encontrar um bom local para fazer minha tatuagem de Henna. Desde o momento em que pisei no Marrocos queria fazer a tal da tatuagem e somente em Fez encontrei um local que me senti segura em fazer. Apesar de sair facilmente com água, ninguém quer pagar para sair de lá com um desenho feio e\ou ter alguma reação alérgica pelo produto utilizado. Então encontrei um ótimo local em Fez e se você quer saber mais e algumas dicas de onde fiz a minha tatuagem de henna, conto tudo direitinho neste post.
De mãos tatuadas, aproveitamos a última noite para jantar no mesmo restaurante que almoçamos, o The Kasbah of Fez. Bem próximo à Bab Bou Jeloud (Porta Azul) é um lugar que recomendamos pois achamos um ótimo custo benefício.
No dia seguinte arrumamos nossas coisas, colocamos as mochilas nas costas e partimos em direção à Portugal.
Mais uma vez nos hospedamos dentro da Medina, reservamos novamente um Riad o Dar Bouanania. O Riad era muito bem localizado, bem próximo à Talaa Kebira e à Porta Azul.
Como nos hospedamos novamente em um Riad, não tinha como cozinhar, então fizemos todas as nossas refeições fora. O que foi um ótimo negócio pois nos surpreendemos bastante com as opções gastronômicas em Fez.
Existem muitos cafés e restaurantes próximo à Porta Azul e à Talaa Kebira. Achamos o preço das refeições em Fez bem melhores em comparação com Marraquexe e achamos mais opções de refeições naquela cidade em relação a esta. Ainda bem, pois já estávamos quase no fim da viagem (pobres) e um pouco enjoados da dobradinha Tajine- Cuscuz; Cuscuz- Tajine rsrs.
No dia que chegamos em Fez e no segundo dia estava chuviscando (uma chuvinha bem fina) e por isso as temperaturas ficaram um pouco mais baixas, nada que um casaco um pouco mais grosso não resolvesse. Porém no terceiro dia o céu abriu e com um sol radiante as temperaturas subiram. Mas uma observação: em comparação com Marraquexe que fica mais ao sul, as temperaturas ainda assim estavam mais baixas e o casaco antes dispensável em Marraquexe, foi bem utilizado em Fez.
Certamente! E se não tem muito tempo de viagem acho que um dia e meio, tirando o tempo de chegada e partida, é suficiente para que você possa conhecer o básico da cidade. Mas claro, se tiver um tempinho a mais, três dias (no máximo) são suficientes para que você possa aproveitar bastante o que a cidade tem a oferecer. Portanto, falta de tempo não precisa ser desculpa para que você não inclua Fez em seu roteiro pelo Marrocos.