Barganhar, se perder pela medina, comer Tajine, comer Cuscuz, fazer tatuagem de henna, se hipnotizar com as luzes das luminárias, ir ao Hammam, comer Tajine e Cuscuz de novo… Sim , isso tudo é Marrocos! Um país para vivenciar e voltar.
Foram 9 dias de tour por esse país mágico onde o turismo é muito bem-vindo. Passamos por Marraquexe, Merzouga – com direito à noite de superlua no deserto do Saara – e Fez.
Iniciamos nossa viagem pelo Marrocos desembarcando em Marraquexe depois de um voo de 2 horas de Barcelona pela famosa companhia low cost Ryanair.
Se tens a pretensão de visitar o Marrocos, Marraquexe com certeza é ponto de parada obrigatório. Também conhecida como a cidade vermelha, Marraquexe está entre as 5 cidades mais populosas do Marrocos, e é também o principal destino turístico do país.
Desembarcamos no Marrocos já com acomodações reservadas tanto em Marraquexe quanto em Fez, no entanto deixamos para comprar o pacote de tour pelo deserto no Saara lá mesmo no Riad em que nos hospedamos em Marraquexe.
Há a opção de compra do tour pela internet, porém conforme orientação de outros viajantes, o preço do tour na internet é mais caro e pudemos confirmar isso quando chegamos lá, portanto negocie diretamente no Riad assim que chegar, sim NEGOCIE., negociar faz parte da cultura marroquina então o preço inicial nunca é o preço final.
Nós pagamos 105 euros cada um e conhecemos pessoas no tour que negociaram diretamente no Riad e conseguiram por 90 euros. Conhecemos também pessoas que compraram pela internet e pagaram 190 euros!!!
Foram três dias em Marraquexe antes de partir em direção ao deserto do Saara – contamos detalhadamente sobre os três dias de tour pela cidade mais visitada do Marrocos aqui.
Os tours que vão até o Merzouga no geral seguem um roteiro bem parecido, com algumas variações:
– o tour sai de Marraquexe, passa pelo Merzouga e termina na cidade de Fez (o que fizemos);
– sai de Marraquexe, vai até o Merzouga e retorna para Marraquexe;
– sai de Fez, passa pelo Merzouga e segue para Marraquexe;
– sai de Fez vai até o Merzouga e retorna para Fez (menos comum).
Como tínhamos a intenção de explorar um pouquinho mais o Marrocos e conhecer a cidade de Fez, a cidade que possui a maior e mais antiga Medina do mundo árabe, resolvemos não retornar para Marraquexe e seguir para o norte do país onde fica a cidade de Fez.
Uma observação importante: leve algo para comer durante a viagem, as paradas na estrada são bem simples e com pouquíssima opção de lanches, não se esqueça também de levar uma garrafa de água (pelo menos 2 litros), a viagem é longa e dependendo da época do ano pode fazer muito calor então é bom estar prevenido.
1º dia:
Partimos de Marraquexe às 7 horas da manhã de van em direção à Cordilheira do Atlas, uma cadeia de montanhas localizadas no noroeste da África e passa pelo Marrocos, Argélia e Tunísia.
Embora a região do Saara caracterize os países que conhecemos no Norte da África, as montanhas do Atlas ao norte do deserto do Saara fornecem a base para o sustento da maioria dos povos do norte da África e à medida que subimos em direção ao norte do país a paisagem antes sempre marrom muda para o verde e às vezes verde e branco (sim, neve), impossível não se encantar e impressionar. Lá se localizam algumas aldeias remotas onde vivem os Bérberes, população local que vive de acordo com suas tradições seculares. Em muitas das aldeias há pouquíssimo tempo não havia acesso à água encanada e eletricidade!
Andamos por cerca de três horas por uma cênica estrada e chegamos na primeira rápida parada em um mirante na província de Al Haouz para fotos.
Seguimos viagem e já na cidade de Ouazazarte fizemos uma nova parada em uma loja que vende produtos provenientes de uma Cooperativa que extrai e beneficia o famoso óleo de Argan, o Ouro Marroquino. Dentro da loja duas moradoras locais exibem a forma de extração artesanal utilizada até hoje na obtenção do produto.
Seguimos viagem até uma das mais famosas paisagens da Cordilheira do Atlas, o Ksar Aït-Ben-Haddou.
Ksar é um conjunto de casas protegido por muralhas ou uma aldeia fortificada e o Aït-Ben-Haddou é o Ksar mais famoso do vale Ounila, já foi cenário de famosos filmes e séries como Gladiador e Game of Thrones. Representa com fidelidade a arquitetura das construções sul-marroquina
Após conhecer o Ksar Aït-Ben-Haddou, fomos almoçar em um restaurante chamado Oásis. O restaurante era bem aconchegante e de praxe pedimos um cuscuz.
No Marrocos quando você quer provar uma comida típica há duas opções deliciosas: Tajine, cozido de legumes com carne (há também opções vegetarianas) servido em uma caçarola de mesmo nome feita de barro envernizado e resistente a altas temperaturas e o famoso Cuscuz marroquino também servido na mesma caçarola.
Seguimos para uma visita aos estúdios onde são feitas gravações de cinema na cidade de Ouazazarte.
De tardezinha atravessamos o Vale das Rosas em direção ao albergue Auberge Peupliers em Ait Sedrate Jbel El Spufia onde passamos a noite. Sim, passamos a noite(!) porque dormir com um frio de quase zero grau e nenhum sistema de aquecimento no quarto foi praticamente impossível, não estávamos preparados para aquela situação pois não esperávamos que estivesse tão gelado.
Portanto, se pretende visitar essa região no inverno talvez seja uma boa ideia investir em um bom saco de dormir que também poderá ser aproveitado na noite no deserto.
O hotel em si era bonitinho com quartos bem grandes (todos foram acomodados em quartos privativos com banheiro) e deixou a desejar somente em relação ao sistema de aquecimento e nos ácaros presentes nas poucas cobertas que tínhamos para dormir, o que, poucos dias depois, me rendeu alguns probleminhas respiratórios.
Já o ponto alto – que fez a estadia lá valer a pena – foi o jantar compartilhado a noite em que pudemos compartilhar experiências com turistas de todo o mundo (Itália, Grécia, Omã, Azerbaijão, Chile, Equador, Portugal…) foi um momento de interação muito legal e em poucas ocasiões em viagens pudemos passar experiências como esta.
A estadia no hotel já está inclusa no valor total pago pelo tour.
2ºdia
No dia seguinte acordamos cedinho tomamos café da manhã bem marroquino (também já incluso no tour) e às 8 horas da manhã partimos em direção à região de Merzouga.
No meio do caminho, já na cidade de Tinghir, paramos para conhecer uma comunidade Bérbere.
Lá fomos muito bem recepcionados com chá, de praxe – em qualquer lugar do Marrocos onde quer que você chegue será servido com um bom chá – e em seguida o anfitrião nos apresentou os tapetes produzidos por artesãs da comunidade.
A arte da tecelagem é uma tradição em muitas comunidades marroquinas e, na maioria das vezes, meio de subsistência destas. Muitos ingredientes naturais ainda são utilizados na fabricação dos tapetes e cada tapete, feito à mão, possui característica única. No final você pode adquirir um tapete e os preço dos tapetes que nos foi apresentado variava de 100 euros (os pequenos) a 1000 euros (maiores).
Saímos da comunidade Bérbere, passamos pelo Oásis de Tinghir e, ainda em Tinghir, fomos até um dos lugares mais lindos que já fui, a Garganta do Atlas ou Gorges du Todra (Garganta do Todra), uma série de Canyons em volta do rio Todgha, rio este que nasce no Alto Atlas. É um local simplesmente fantástico e místico.
Paramos para almoçar em um agradável restaurante ainda na cidade de Tinghir – o almoço do segundo dia também não está incluso no valor total do tour – e seguimos viagem até que finalmente – por volta das 17 horas – chegamos no deserto do Saara, mais especificamente na aldeia Bérbere de Merzouga.
A partir deste ponto deixamos nossas malas na van e eu e Rafael levamos, cada um, somente uma mochila pequena com coisas de valor e o essencial. Lá mesmo alguns Bérberes nos aguardavam com seus dromedários, sim são dromedários e não camelos. Subimos nos animais e andamos por cerca de 40 minutos pelas dunas do Saara em um cenário fascinante e indescritível até as tendas. O sol estava se pondo e não tenho palavras suficientes para descrever o quão linda é a paisagem e o quanto foi emocionante estar ali, me arrepio só de estar aqui relembrando e escrevendo.
Chegamos nas tendas, sentamos para apreciar a paisagem antes de o sol se por totalmente e assim que escureceu fomos procurar um local para dormir.
As tendas são compartilhadas e tem vários colchões no chão. Rapidamente localizamos um colchão disponível e deixamos nossas coisas lá mesmo. Compartilhamos a tenda com um português e uma família turca.
No centro das tendas existem mesas onde a galera se reúne à noite em um clima muito agradável e lá pudemos conversar com pessoas de todo o mundo.
Por volta das 20 horas o jantar foi servido e nos sentamos na companhia da família turca, uma garota de Ruanda, uma italiana e uma francesa. Foi servido tajine com pão e pudemos comer e conversar bastante.
Assim como no albergue na noite anterior, foi um momento de integração fantástico!
Todos alimentados, fomos para o luau em volta da fogueira. Para nossa sorte era noite de superlua e o deserto parecia estar todo iluminado. Dançamos bastante em volta da fogueira ao som dos tambores Bérberes. Porém não demoramos muito e antes da meia-noite fomos dormir pois estava muito frio!
3º dia
No dia seguinte antes de o sol nascer acordamos e subimos nos dromedários novamente e voltamos, dessa vez, para esperar o sol nascer.
Antes de pegarmos a van novamente, tomamos café da manhã – também incluso no tour – e seguimos em direção à cidade de Fez.
Foram 7 horas de viagem até Fez, durante o percurso fizemos somente duas paradas: uma para almoçar e outra de 30 minutos para esticar as pernas na cidade de Ifrane, que mais parece um pedacinho da Suiça no Marrocos, não é a toa que ela é conhecida como a Suiça marroquina.
Chegamos em Fez já era noite, o motorista da van, como combinado, nos deixou em frente à Porta Azul que é a principal entrada para a medina de Fez, é por ela que a grande maioria dos turistas chegam.
Foram dois dias e meio em Fez e contamos tudo explicadinho sobre nossa experiência por lá neste post com várias dicas de como turistar sem se perder na maior Medina Árabe do mundo!!
Ao longo do tour fizemos uma listinha de coisas que nos pegaram de surpresa e achamos legal compartilhar:
– cada grupo de viajante que estava na van conosco ficou hospedado na primeira noite em uma acomodação diferente, alguns em melhores outros em acomodações um pouco inferiores;
– Cada grupo de viajante que estava na van ficou em uma tenda no deserto, alguns puderam tomar banho antes de irem para as tendas e por isso não conseguiram pegar o por do sol outros assim como nós não puderam tomar banho antes de ir para o deserto e seguiram para o deserto a tempo de ver o por do sol;
– no inverno (fomos em janeiro) faz muito frio à noite(!);
– nenhum almoço está incluso, reserve grana para isso (em geral tem um precinho de Europa);
– ao chegar em Merzouga, como o restante do passeio é feito em dromedários não há como levar mala, então já se organize para levar o que é essencial para você até o meio do deserto, as malas ficam na van até o dia seguinte;
– Leve a sua bebida, caso pretenda tomar umas brejas;
– tinha água para beber no deserto, mas é bom levar uma garrafa para abastecer.